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O Canto de Orpheu

 

Nos versos de uma pequena poesia

Aprisionei meu pobre coração…

E enquanto o sentimento seu fluía,

Alimentava a minha inspiração.

 

Contei os meus amores, minhas lágrimas,

Passei toda tristeza pro papel…

Falei dos meus anseios, minhas lástimas,

Da dor que agiu em mim como cinzel…

 

E a essência do meu coração sangrava…

E sobre as letras vis se derramava

Brilhante, ardente e quente como lava

 

Tirando as impurezas da poesia,

Vestindo-a na perfeita melodia

Que Orpheu à sua Eurídice entoava.

 

Wesley de Andrade

26/9/2008

 

Hoje, ao acordar, logo olhei pela janela…

Vi flores tão lindas, tal qual lúcida quimera

E uma borboleta no papel de sentinela,

A mim anunciava: Já chegou a primavera!

 

E assim abriu suas asas, bocejando uma canção,

Voou à minha frente, acompanhei com meu olhar.

O desenho de suas asas, tão perfeito em seu padrão,

Lembrava-me os lírios e a sua perfeição.

 

Orquídeas, girassóis, tulipas, lindas rosas,

Crisântemos tão sérios, hortências mais dengosas,

Margaridas lindas, violetas majestosas,

 

Dançavam pros meus olhos, e encantavam minha vista,

Fazendo-me entender que esta cena imprevista,

Era um prenúncio bom! A obra-prima de um Artista.

 

Wesley de Andrade

24/9/2008

Ainda espero…

 

Te peço uma chance…

Uma chance de te fazer a mulher mais feliz do mundo…

Uma chance pra te amar…

Pra te respeitar…

Pra te dar meu mundo e viver no seu!

Só te peço uma chance…

 

Não sei como te dizer isso pessoalmente…

Meu coração salta para fora de mim,

Minha fala some!

Minhas mãos são como galhos de árvore secos ao vento…

O que eu tenho que fazer então?

O que eu faço?

Eu silencio…

Pois tenho a esperança de que o meu silêncio grite as minhas palavras…

E se ele gritar, os teus olhos fechados verão o meu olhar cheio de amor…

E tuas mãos sentirão no meu peito o coração pulsante,

Este já entregue a ti outrora…

E então iremos embora…

Repousar junto ao sol do alvorecer…

 

Guardarei sempre dentro de mim esta esperança,

Te esperarei o tempo que for necessário…

Te esperarei mesmo que o tempo seja eterno,

E que meu coração se encha de espinhos,

E que o ar me sufoque…

Que a água não sacie minha sede…

Te espero…

Pois só amei você com tal intensidade!

E creio que só te amarei deste modo.

 

Às vezes me pego a pensar no amanhã…

Se tenho você comigo, me vejo feliz,

As flores brotam,

O sol está sempre radiante,

A brisa é suave e há sempre uma doce melodia no ar…

Se não tenho, sinto frio…

Fome…

Sede…

E me vejo naquela sala, debaixo de uma chuva de pedras de gelo…

 

Por quê deve ser assim?

Por quê você chegou desse jeito,

Desarmando meu coração,

Abaixando minhas defesas,

Fazendo-me abrir inteiramente pra um novo amor,

Que não seria correspondido?

Por quê Deus quis que isso acontecece?

Ele não poderia simplesmente acabar com este meu sentimento?

Mas não acaba. Já pedi… Já implorei… Já chorei… Já clamei… e nada.

Pelo contrário… o amor flui… cresce… aumenta… e EXPLODE!

EXPLODE MEU CORAÇÃO, MEU CORPO, MINHA MENTE…

E os cacos da minha alma caem ao chão…

Mas de repente, tal qual Prometeu,

Eu me refaço, pra que tudo aconteça novamente.

Não estou acorrentado a uma pedra…

Mas estou acorrentado a você, o que é pior,

Pois as pedras não dão falsas esperanças.

Elas apenas são o que são, duras, rígidas, inflexíveis e frias.

Uma vez ouvi que um dia, das pedras brotariam flores…

Talvez você seja uma dessas flores…

A junção da dureza com a doçura…

Ternura inflexível…

Coerência paradoxal…

Como é sua convivência consigo mesma,

Ao entrar em conflito a cada instante? Eu me pergunto…

 

Mas eu te amo. Amo cada centímetro do seu ser.

Amo cada gota de lágrima dos seus olhos.

Amo cada fio de cabelo que cai sobre os ombros.

Amo cada palavra que você diz.

Amo te amar e amo o seu amor.

Será esse o meu pecado?

O teu amor era o fogo dos deuses e eu não percebi?

Mas eu não o roubei… eu só olhei para ele e me apaixonei…

O reflexo de Narciso… que me afogou em tuas águas…

É verdade que me vi em você.

Já te falei isso antes. Só não sabia que tomaria tais proporções.

 

Quem seria eu então?

Um Narciso acorrentado por Zeus,

Fadado a reviver o ápice do meu sofrimento a todo instante,

Acorrentado ao reflexo pelo qual me apaixonei perdidamente?

Se sou essa pessoa, só espero que meu destino comova o teu amor,

E chame a tua atenção…

Pois se isso acontecer, as correntes se transformarão em laços,

e o feitiço será quebrado, e o amor não mais explodirá meu ser,

Pois a fórmula se completará em você.

 

Enquanto isso, espero…

E peço-te uma chance, uma abertura, uma brecha no teu amor…

Pois o corvo está vindo novamente…

E o amor está fluindo…

E o reflexo das águas me atormentando…

Tudo isso… enquanto espero tua resposta ao meu pedido.

 

Wesley de Andrade

24/9/2008

De um só amor

 

Queria ter você aqui comigo…

Compartilhar tudo de tudo…

Poder sentir o teu perfume…

Ouvir o doce som da tua voz…

Ah, como eu queria!

 

Digo que te esqueci…

Digo que não sinto mais nada…

Digo que estou bem… mas…

Será que estou? Será que é verdade?

Pois a cada minuto eu te tenho em minha mente…

Todo perfume é o seu…

E toda voz de melodia é a sua…

 

Meu coração sangra quando te vê com ele…

Minha voz se esconde…

E a única coisa que faço é manter-me longe…

Só te peço uma coisa… que entendas o meu sofrer!

Jamais alguém ocupou meu coração como você…

…Temo que ninguém mais ocupe…

 

Me refleti em você…

Contigo eu via minha vida inteira traçada…

Meus sonhos completos nos seus e os teus nos meus…

Assim como nossos olhos…

Nossos abraços…

Nossos beijos…

 

Pensei em dividir cada gota de alegria…

A dar a última gota de sangue…

Se fosse para viver contigo…

Mas você não quer…

Só me vê como amigo…

 

Queria eu ser mais que isso…

Como eu queria…

Ah… como!

 

Wesley de Andrade

23/9/2008

O que te custa?

 

O que te custa um sorriso

Para alguem que tem no rosto,

As marcas de um triste choro,

Que está prestes a cair?

 

O que te custa um abraço,

Em alguem que, por cansaço,

Deixou-se entrar na amargura,

E afastou todos de si?

 

O que te custa um elogio,

Àquele que a vida dura

Negou o carinho, a candura,

E vive sentindo-se nada?

 

O que te custa o perdão,

A alguém que te causou mal,

Se Deus, que é triunfal,

Perdoou enviando Seu Filho?

 

Não custa nada…

Não pode custar nada…

Não… pois já custou…

A cruz… O Calvário. 

 

Wesley de Andrade

16/9/2008

O que me faz descansar

 

Acalma-me Senhor…

Enquanto o mundo me pressiona,

Eu quero calma…

Toque em minh’alma…

E me transforme.

 

Acalma-me, Oh Deus!

Pra suportar a ironia…

Pra lutar contra o cinismo…

Livra-me deste abismo,

Que é tão disforme…

 

Aquieta-me, Pai…

Neste mundo louco…

Onde tudo é pra ontem,

‘Inda que os montes se desmontem…

E me renova…

 

Quero sentir teu bálsamo em mim…

Percorrendo meu corpo…

Alma…

Mente…

Coração…

Refrescando-me…

Pois só teu bálsamo traz

O refrigério que eu preciso ter…

E me faz repousar em tuas asas macias…

E então, sinto que me cobres com teu amor…

 

E… pouco a pouco… adormeço em tuas mãos…

Que aquecem meu coração…

E acalmam minha alma.

 

Wesley de Andrade

16/9/2008

Quem?

 

Quem ora por você todos os dias?

Com quem divide sempre as alegrias?

Quem te empresta a jaqueta em noites frias?

 

Quem olha com você todas as luas?

Quem passa com você as horas nuas,

Andando, altas horas, pelas ruas?

 

Quem canta com você a noite inteira?

Quem guarda pra você uma cadeira,

um dos últimos lugares da fileira?

 

Quem te abraça quando você chora,

Depois te faz sorrir como outrora?

E anda com você até lá fora?

 

Quem é que fica sempre ao teu lado,

Te dá carinho, e te dá cuidado,

Só pra fazer teu dia abençoado?

 

Pequenas coisas sempre me marcaram…

Detalhes sempre me acompanharam…

Mas entre nós, mais forte se formaram…

E eu guardarei todos… sempre…

 

Wesley de Andrade

15/9/2008

Crepúsculo

 

Olá, Saudade! Como vai você?

A que devo o prazer da sua visita?

Seja bem-vinda! Venha! Aproxime-se!

É cedo e o meu corpo ainda dormita…

Sente-se nos bancos da memória,

Enquanto me preparo pra este encontro…

Trarei o manuscrito de uma história,

Minha vida adaptada em um só conto.

O Enredo é nada mais que meus anseios…

E eu a Personagem principal…

O Tempo, que dá voltas, rodopios,

Se encarregará pelo Final…

A Alvorada é meu plano de fundo,

E o Sol, no início, brilha fulgurante…

Iluminando as trevas do meu mundo,

Embora esteja alhures, tão distante…

Eu costumava ouvir a melopeia…

E me deliciar com a eufonia…

Adormecer ao canto da sereia,

Deitado na mais linda melodia…

Acordes das seis linhas paralelas,

Acordavam-me logo em seguida…

E vozes, tão seguras, tão singelas,

Traziam-me à lucidez, à vida.

Ia então correndo para fora

Ansioso por olhar o horizonte…

E ao ver o que estava ali, defronte,

Trazendo os raios que eram minha fonte,

Sorria, aliviado, e ia embora.

O Sol ainda estava lá, brilhante.

Porém, um dia, a tinta, tão dourada,

De falha, deu seus primeiros sinais:

Aquela cor tão áurea e radiante,

Escurecia a cada dia mais.

E eu escurecia junto a ela…

Sem entender porque tudo se ia…

Sem compreender o tom que se esvaía…

E não tornei a olhar pela janela.

Até que um dia as vozes de outrora,

Firmes e singelas noutros tempos,

Gritaram-me: -Vem cá por um momento,

Olhar o que se formou aqui fora…

Eu fui… sem entender nada de nada…

Sem ânimo e desesperançoso…

Mas ao olhar a tela então pintada,

Meu coração… meu ser se encheu de gozo!

E percebi que a cor daquela tinta,

Que estava escurecendo pouco a pouco,

Compunha uma paisagem tão distinta,

A imagem surpreendente de um crepúsculo,

Durável e que até hoje é cenário,

Da continuação deste meu conto…

É, Saudade… achaste-me em surpresa…

Fazendo-me lembrar desses meus dias…

Nos quais achava eu ter a Certeza…

E amava as alegrias fugidias…

Levanta-te por quê? Já vais embora?

É tão sincera tua companhia…

Prometa-me voltar em outra hora,

E encher meu coração de Nostalgia.

 

Wesley de Andrade

12/9/2008

Percepção

 

Quem percebe sutilezas,

Admira a pequena rosa,

Brotando linda e viçosa,

Frágil, sutil, perfumada…

 

Quem percebe sutilezas,

Entende o nascer do sol,

Qual prata queimando ao crisol,

Trazendo a perfeita alvorada…

 

Quem entende as sutilezas,

Perscruta o enigma da vida,

Busca a riqueza escondida,

E a idéia nunca falada…

 

Quem entende as sutilezas,

Enxerga o agir de Deus,

Em prol de todos os seus,

Que estão cansados da estrada…

 

Quem conhece as sutilezas,

Nasceu pra ser um poeta,

Pra ouvir a rima secreta,

E ser feliz na jornada.

 

Wesley de Andrade

10/9/2008

O jogo

 

Somos peças…

 

Peças diferenciadas, mas peças…

Peças marcadas pelo tempo…

Marcadas pelas experiências de outras peças…

Algumas maiores… outras menores… mas peças…

 

Somos peças fundamentais…

 

Peças diferenciadas com um propósito definido… mas ainda peças…

Uma peça não faz o mesmo que a outra…

Talvez ajam semelhantemente, mas têm, na maioria das vezes, alvos opostos…

Algumas peças destroem… outras constroem… mas continuam sendo peças…

 

Somos peças fundamentais de um jogo…

 

Diferentes propósitos posicionados em um tabuleiro redondo…

Tabuleiro que engole as peças aos poucos…

É esse o jogo… ver quem sobrevive primeiro…

Algumas peças são fracas… outras são fortes… mas, por enquanto, não deixam de ser peças…

 

Somos peças fundamentais de um jogo chamado Vida…

 

Só tem uma diferença…

Não existem dados… somos nós que decidimos os números…

Algumas peças prosseguem…

Outras ficam inertes, e infelizmente não serão mais peças…

 

Wesley de Andrade

10/9/2008